sábado, 16 de março de 2013

Trace Mary e o Processo

Trace Mary estava de fato perplexa com os últimos acontecimentos Andava até meio anoréxica, diante do que lia nas folhas daquele processo onde vivia e do qual se alimentava, muito embora a sua filosofia de vida fosse comer pouco e pensar mais, afinal era uma intelecto-traça.
Isso mesmo, Trace era uma traça crítica, culta, politizada, nascida e criada no planeta Fórum, tinha um pensamento bem apurado sobre tudo o que acontecia ali. Descendia de uma linhagem nobre de traças nascidas e criadas num Processo de Modificação de Guarda, local escolhido pelos fundadores da sua traço-tribo porque teoricamente seria um espaço de grandes decisões em favor de uma criança humana, no caso, um menino chamado Pablo, Uma tribo de humanidades, enfim.
Suas raízes estavam ali, ali viveram e morreram seus antepassados, alguns com distúrbios gástricos por insistirem em se alimentar de afirmações e decisões infames impressas em seu alimentos, notadamente carregados de compostos energéticos não recomendados à saúde de nenhuma espécie.
Era o grupo de  traças acríticas, que não se alfabetizaram para a vida,embora soubessem ler. Tampouco se importavam com as injustiças sociais, estavam ali somente pelo alimento fácil, indiscriminado, que invariavelmete os envenenava.
Outra forma de morte infame assolava seu planeta, assombrava a sua espécie: a Peste da Depressão, que se dava nos tempos de escuridão quando sua tribo ficava jogada no fundo de alguma gaveta, esquecida por humanos sem humanidade, daqueles que , se fossem traças, certamente estariam naquele grupo de traço-glutões envenenados,
Trace se preocupava em dobro com a  depressão das gavetas que não só refletia o atraso espiritual de seu planeta, como também devastava a traço-nobreza  sensível de sua espécie. Era a morte da esperança, o tombo final no vácuo que a tristeza provoca na alma, a peste que, por vezes, ameaçava roubar os melhores sonhos de Trace.
Mas como o que não mata fortalece, Trace criou a resistência dos bons guerreiros. Também se fortalecia pelo afeto que passou a dispensar ao menino Pablo, que veio a conhecer pessoalmente quando da entrevista dele com a Assistente Social. Achou-o bonito, inteligente, articulado, um discurso de quem teve que amadurecer pela força de circunstâncias indesejáveis, que descrevia com clareza e coragem, embora seu olhar teimasse em denunciar o medo do desamparo.
Mesmo quando a Assistente Social esqueceu o processo com a  sua traço-tribo no fundo da gaveta, envolvendo seu povo por meses na febre da depressão e promovendo o traço-extermínio de sua espécie, Trace resistiu. Pensava no menino Pablo que também tinha as suas expectativas aprisionadas ali, na escuridão do descaso.
Lamentava a sua traço-solidão, e a solidão daquele menino de olhar assustado, sentia dó , uma dó generalizada. E chorava, de molhar a página do relatório da Assistente Social, que revelava a carência de Pablo. Torcia para que ele, tal como ela, resistisse.

E como não há mal que sempre dure, Trace emergiu à luz em tempos de decisões e pulou de alegria , cantou de esperança, ao ler a decisão do Juiz em favor das expectativas de Pablo. Uma decisão que aponta para o fim de uma vida processada, adiada, rumo aos sonhados tempos de paz.


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"Sentir é Estar Distraído"


Exposição na Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de janeiro,inspirada na poesia de Fernando Passoa..

terça-feira, 10 de abril de 2012

Nise da Silveira

Enquanto, por aqui, colhemos pensamentos e saudades da mestra, ela, em outro plano, brinca de colher estrelas.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dezembranças

      Mais um Dezembro que chega, de repente, anunciando a urgência em se resumir o ano em festas, uma forma de minimizar a frustração ao se constatar que o tempo escorreu pelo calendário, sem que tivéssemos tempo de realizar a vida, tal como a sonhamos nos primeiros dias de janeiro.
São as dezembranças a quebra de rítmo para esfriar o jogo e provocar um hiato na realidade.
         É quando, de uma hora pra outra, toda a cena se enfeita, cores e luzes se multiplicam em efeitos mágicos, tão mágicos como a história do menino salvador contada em cenas de presépios estrelados, tão mágicos como os Papais Noeis que sempre retornam, pois que são os guardiões das promessas e das doces memórias de infância.
        Em Natais, tomados de encantamento, somos correntes humanas de esperança e, sentimentos à flor da pele, vestimos pele de gente, deixamos o carinho acontecer.
         E, até que os festejos de Ano Novo nos remetam ao day after, somos mágicos também, tiramos muitas cartas da manga, iludimos a realidade para não morrer de concretude...

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terça-feira, 24 de maio de 2011

Entressafra...

Episódios intermitentes de fobia digital, outras viajens, tempo curto, cansaço, sono, espinhela caída? Sei não...
Volto logo,
beijos

quinta-feira, 24 de março de 2011

Chora, Março!

Chora Março,
em fim de estação,
lava, leva
o sonho raso, 
a cena inútil
em ribaltas de Sóis

Chora, 
despromete, 
desavisa,
desaponta,
despe!

Diz-me que o amor aqui já não há
- diz-me apenas -
e permite que eu não acredite...


Outono 2011

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domingo, 6 de março de 2011

Universos

Universos I ( pastel seco e têmpera sobre papel)
... em mutação,
pois que, no próximo instante haverá o que acrescentar, estamos em processo, sempre em aberto,
num movimento constante de-vir a ser...
No exercício da arte me investigo, penetro sombras, amplio o olhar

e alcanço os infinitos signos que transitam meu inconsciente
particular e coletivo,
acato os mais íntimos receios e desejos, desvelo memórias e atavismos
e expresso em metáforas as múltiplas faces da minha essência,
não visíveis a olho nu
e não definíveis em palavras.

A arte me permite dizer o indizível,
mergulhar espaços onde todo o ser e todo o fazer é permitido,
exercer plenos poderes, viver verdades,
ser o meu livre estar para ser...

Pela arte convivo múltiplos universos, que habitam o meu universo, 

onde também habitam
todas as pessoas que aportaram em minha vida
e se instalaram em mim

Pela arte, sou plural no singular, sou Universo.
Eu e todos, 

Nós - Interações- Somas- Percepções
Sínteses passo a passo ou passos quadro a quadro
Recortes dos meus passeios pelo planeta azul e suas conexões...


Nota: Texto para a exposição Universos, uma forma de responder , ou não, à clássica pergunta, "o que você quis dizer..."

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sábado, 22 de janeiro de 2011

O Voo dos Anjos

da varanda... Marcia et Thierry Larignon (dos Anjos)
Tem um pontinho vermelho no sudeste da África, em meio ao Oceano Índico, no globo terrestre que marca visitas a este blog, indicando que alguém ali acessou o Comentalidades.
Pesquisando o mapa descobri Mayotte, ilha perto de Madagascar que de tão pequena precisa de considerável zoom no mapa do Google para se revelar.
Mayotte, da Marcia, a dos Anjos, que encontrou um chevalier ailé, que lhe despertou asas, que não sabia tão grandes.
Voar, como legítima dos Anjos,  pura vocação, a força do voo conquistou pelo amor, uma bela história de amor e entrega ao seu amado e a um mundo sem fronteiras.
O porto seguro em Mayotte , um pequeno/grande lar que tem um jardim perfumado por frangipanier e ylang ylang voltado para um  mar de sol nascente, onde a linha do horizonte  sugere conquistas infinitas, bem como preferem as criaturas aladas...

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tragédia e cegueira

O texto de Arnaldo Bloch traduz com muita propriedade a minha perplexidade, tristeza e indignação, diante das tragédias que se repetem nas periferias das cidades e de um Estado que segue impune e rotineiramente cego diante do desastre iminenete, pois que muitas vezes é conivente com as  ocupações irregulares nas encostas.
Eis o link:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/#356959

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pas de Deux (Ato II)

Não,não há roteiro
não há matéria que caiba
no ato
improvisado
Não,
não há roteiro
não há matéria que caiba
no amor para sempre
inventado

Vem,
por enquanto roubemos as cenas
e a pele preservada
Sejamos reféns de sonho só,
cúmplices em ser só luz
pura melodia de anjos...

Amantes alados,
dancemos um pas de deux
dobrado
bindemos às noites de sexta,
âs luas de cio,
suor
e encontros...

Rápido,
enquanto a noite permite
que a luz difusa da Lua
compactue,
mal ilumine
e embeleze as cenas

Até que caia o pano
e as mesas voltem ao lugar
e convidem o dia a sentar

E a luz solar implacável,
imparcial,
cruamente
Nos faça concretos
Nos torne ao roteiro
Nos cubra da gente...

Pas de Deux em Caixa-Poesia-Partitura  / Lou Magalhães Arte

O que seria de nossas vidas se não pudéssemos fabricar novidades?

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Primavera , o Antirrhinum e as Minhas Sementes


Ver Aqui
Para Matheus, que hoje faz 11 anos, adora ler, escrever e plantar- e tem um jardim/horta na janela do quarto; Sophia, 2 anos, que adora tirar umas folhinhas da minha Árvore da Felicidade - e quando é flagrada faz carinha de amor, lança aquele sorriso irresitível e finge que está só fazendo carinho ; e para Valentina, 4 meses, minha gorducha que adora mamadeira e colinho - e que certamente vai seguir o caminho dos dois. 
São os meus amores, sementinhas de minhas filhas, as meninas que nasceram na primavera e que inspiraram esta "viajem", em alguma primavera um tanto distante, quando plantamos Antirrhinum, ops, Boca-de-leão.


Olá, criança, meu nome é Antirrhinum! Não ria dele não, fico envergonhado. Já tentei inventar um apelido bonitinho tipo Anti, Rrhi, Num, Munanti, Muna... Não deu certo

Se ao menos aquelas margaridinhas chatinhas que moram no canteiro ao lado parassem de me zoar...

Fiquei chateado com meus pais. Podiam me chamar João, Pedro, Matheus,Leonardo, igual aos meninos que brincam aqui no jardim.

Meus pais me explicaram que umas pessoas aí, que entendem de plantas inventaram este nome para nossa família porque gostam de falar difícil e também porque não gostam de misturar o nosso nome com o nome deles - ou do filho deles.

Eu não me importo de misturar.

Pra piorar, ainda tem gente que passa pelo nosso canteiro e diz: Olha a Boca- de- Leão como está florida!

A primeira vez que ouvi isso, fiquei ofendido. Perguntei aos meus pais se a gente mordia.

Daí eles disseram que também existem pessoas que não entendem nadinha de plantas e não fazem questão de falar difícil. E que elas nos chamam assim porque nossas flores parecem "boquinhas" de leão.

Bem, falando assim, "boquinhas", fico mais satisfeito.

Meus pais disseram também que estou é precisando crescer, virar planta para me sentir mais útil e importante. Daí, eles acham que nem vou ligar para o meu nome. Será?

Tá legal, vou sair daqui no primeiro "vento da primavera" que passar. Dizem que ele passa todo o ano e carrega sementinhas de um lado para o outro, porque adora enfeitar o mundo com flores.

Talvez o vento me leve para o seu vasinho, e então vou crescer junto com as sementinhas que você vai plantar.

Vou contar o segredo delas: São iguais a mim. Têm aquele nome, que não vou repetir porque fico envergonhado de novo. Para crescerem, elas precisam dormir dentro da terra fofinha por uns tempinhos. Lá elas tiram comidinha da terra e bebem a água que você dará todos os dias. Assim, tratadinhas vão ficando fortes. Daí cresce um cabinho aqui, outro ali, uma folhinha acolá, e  de repente nascem lindas flores coloridas para enfeitar o seu jardim.

Ah! Se o vento me levar para o seu vasinho, não se preocupe, eu me ajeito num cantinho.

Mas, por favor, quando eu aparecer me chama de Pedro, João, Matheus, Leonardo, ou...


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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conversa com o poeta

"... Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso
."
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio"

(Fernando Pessoa/ Alberto Caeiro- 
Trecho do Guardador de Rebanhos)

 , colocar um ponto final no imponderável e, como diria um poeta amigo meu, ”repetir a vida"
Ou
Despir equívocos compulsoriamente herdados
Viver os próprios (inevitáveis)
E construir aprendizados
Ou
Dizer sim aos seus quereres
Dizer não àquilo que não quer,
Experimentar, experimentar-se

Ser ( gostar de sê-lo)
Exercer-se, plena e conscientemente 


E acatar o processo, 
A dor de crescer
E ter que delegar a si mesmo
Acertos e desacertos,
Permitir ou não permitir,
A coragem de viver verdades / a real expectativa,
O desafio de preservar o sonho na real personagem

Perdoar, perdoar-se
E caminhar em paz e segurança ao seu destino

E no despojamento
Na simplicidade da intenção e do gesto,
Na busca e valorização do bem conquistado
A cada noite sonhado
A cada dia ofertado
Orgulhar-se da missão
E
Re_descobrir o seu Deus interno
Re_conhecer o amor pleno,
Amar,
Amar-se
E não se sentir mais só...

Assim penso e, tal como Pessoa, "se o penso sem esforço é porque deve estar bem" 
Lou Magalhães


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terça-feira, 29 de junho de 2010

Revolta Ortográfica

não gosto de pontos finais!

embora reconheça que do ponto tudo começa, a geometria me diz que um ponto só não desenha, nem expressa movimento
no texto, então, é pura pretensão decidir o final com um ponto, como se nada mais houvesse a dizer ou pensar,


porque
as histórias não se esgotam em si mesmas, prefiro interrompê-las com pontos desdobrados em reticências animadas, lúdicas, caminhantes, teimosas ao rejeitar o esgotamento do ato, misteriosas ao ocupar o espaço dos segredos, visionárias ao apontar o que não se viu antes


se é pra continuar,
também posso usar as vírgulas , pontos unidos em desenho de curvas flexíveis, acolhedoras, com perfil de lua crescente,
pra dizer mais ou deixar pra quem lê a liberdade de colocar apostos, esclarecer, contestar, desvendar o que está por - vir...


com o ponto e vírgula tenho reservas, afinal ainda não entendi se o ponto sobe na vírgula para submetê-la a uma pausa maior ou se é a virgula que, num gesto de delicadeza, se coloca debaixo do ponto pra suavizar o hiato


na dúvida... bem, a tecla do ponto e vírgula aqui está semi-nova ...


até porque,
quem mora com eles no teclado é o dois pontos, hiato grave, um sopro ao contrário, uma pausa para dizer, organizar, esclarecer, citar
até digna,
mas pouco recorrente no desenho dos meus textos,
recheados de pausas-apartes-vírgulas e interrupções-reticências,
sígnos de sopro pra fora, em tempo e rítmo do meu respirar


aproveito o desabafo
pra reclamar o fim do trema, pontos em pas de deux sobre alguns palcos de us, para subverter o som de alguns qu_s e gu_s , rebeldia que as gerações futuras não vão praticar

- em ato de protesto, ainda escrevo com trema e apago pra publicar -

implico também com maiúsculas, 
gritos furando o tempo, quebrando o silêncio das pausas de pontos que continuam
e porque exaltam, igualmente, luz e sombra em verbetes


Amor, Compaixão, Lealdade, Gentileza, Arte, Poesia, ...
palavras essenciais ao espírito, algumas esquecidas, outras banalizadas,
essas sim demandam gritos de caixa alta nos textos...


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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cansaço ou Tristeza?

   Pois é, tem dias que um certo cansaço nos toma de tal forma que não há como evitar aquela expressão quase trágica que vai se desenhando no corpo físico, somando traços - vincos - ao desenho dos tantos outros cansaços vividos.
    É o cansaço de tristeza, está tudo dito ali naquela máscara compulsoriamente colada ao rosto, em corpo de contornos opacos, como que roubado de energia vital.
    Uma tristeza evidente que tentamos negar, pois que é um estado de espírito que  carrega em si uma certa indignidade - a tristeza frequenta o grupo das fragilidades humanas.   Puro orgulho e falta de senso de oportunidade.
    Não seria melhor encarar a tristeza de frente, reconhecê-la e exorcizá-la em tempo de evitar que se cristalize em nosso corpo físico e espiritual?
    Penso que, ao mergulhar em nossas sombras, nos habilitamos ao entendimento dos porquês de nossos limites e das tantas repetições de padrões, que já sabemos equivocados e que, volta e meia, nos atiram em queda livre ao fundo do poço.
    É preciso ter coragem para ficar triste...   
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domingo, 11 de abril de 2010

O lixo saiu de baixo do tapete!!

O Ministério Público vai apurar responsabilidades do governo nas mortes em consequência das chuvas no Rio (matéria de O  Globo on line) http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/04/10/ministerio-publico-vai-apurar-responsabilidades-do-governo-nas-mortes-em-consequencia-das-chuvas-no-rio-916309962.asp

COMO ASSIM???????


O lixo saiu de baixo do tapete, literalmente sepultou inocentes e nos envolveu em tristeza, perplexidade e indignação:   
E quem criminosamente escondeu a cidadania no lixo maquiado está por aí, soltinho, argumentando desculpas esfarrapadas na mídia.
Como assim? Tem suspeitos evidentes nesse crime e ainda vão investigar?
Se fossem cidadãos comuns, como seriam tratados?
Cheiro de pizza no ar...
Mas, raposas velhas que são, abastados pelos cofres públicos, terão criatividade, tempo e dinheiro para subornar testemunhas e comprar bois-de-piranha para arcar com as suas culpas.
E tudo ficará bem para eles, porque nem a consciência lhes pesa, eles não sabem o que é isso.
 
Cabe a nós, cidadãos decentes, embora ocupados em trabalhar para o sustento de nossas famílias e para não sucumbir às pressões dos impostos que escorrem pelos bueiros da corrupção, não deixar cair no esquecimento toda essa tragédia, quando a mídia jogar a notícia para a quinta página.


Sinto muito, mais uma vez a realidade me rouba o espaço das amenidades...

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Dia feliz

"Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança "
 
Estatuto do Homem (trecho) Thiago de Mello



Dia feliz!

 E que o amor permaneça belo, farto e pleno de luz,
como um campo de girassóis!

Beijo com amor Roberta, Flavio, Sophia e Valentina!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Continua lindo!


Para compensar os 40º que derretem até a alma , o Rio de Janeiro nos brinda diariamente com cenários belíssimos, ao cair da tarde.
Continua lindo!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Cirque du Soleil


Deslumbrante!!!


Deu vontade de beijar o palhaço, chapliniano total!


De novo aquela vontade de dar um duplo mortal e fugir com a trupe!



 Matheus achou que paguei mico, é claro! rs...
No fundo ele acha legal.



Esplêndido, imperdível!

Fotos: Luana Magalhães

O Circo

www.wspabrasil.org



    Ela não comprava balas no circo, gastava todo o seu dinheirinho com as fotos dos equilibristas e trapezistas, uma forma de levar o circo para casa, alimentar o seu sonho de voar, desafiar os abismos, lá onde moravam os seu medos.
    E voava por semanas com as fotos expostas em seu quarto, até que uma nova  brincadeira de quintal aquietasse seus planos de fugir com a trupe.
    Dos palhaços não guardava fotos, o riso solto que expressava alegrias e escondia tristezas estava sempre ali, impregnado na alma, havia roubado do primeiro palhaço que conhecera.
    Roubara deles também a ingenuidade chapliniana, que lhe conferia sensibilidade, a feição dos bobos sonhadores e o status de destrambelhada.
    Lona ao vento, traçou seu norte, mergulhou em futuros. E aprendeu que é preciso força para sobreviver às quedas no vazio, coragem para encarar os medos e uma boa dose do humor e da esperteza velada dos palhaços para reinventar-se e resistir.
    O circo sempre foi e sempre será a sua grande metáfora...
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal!



Pois é, mensagens chegam de todos os lados, por diversos meios, nestes tempos de Natal. E eu não sei o que responder, todas as palavras já foram usadas, algumas abusadas, muitas delas gastas.


Não estou rejeitando  a tradição natalina, tampouco desmerecendo as intenções, mas espero, há muito, que os melhores sentimentos não precisem mais ser lembrados, que sejam definitivamente incorporados aos nossos espíritos e se revelem em nossos atos.


Proponho que se comece pela compaixão, sentir com é o melhor caminho para se conquistar a harmonia com tudo o que envolve o ato de viver.
Se assim fosse, não teríamos o triste espetáculo da COP, pontuado pela arrogância e pela politicagem cega e surda aos apelos da Terra.


Feliz Natal e muita compaixão para todos nós, pelo resto de nossas vidas! 

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dezembranças



         Mais um Dezembro que chega, de repente, anunciando a urgência em se resumir o ano em festas, uma forma de minimizar a frustração ao se constatar que o tempo escorreu pelo calendário, sem que tivéssemos tempo de realizar a vida, tal como a sonhamos nos primeiros dias de janeiro.
São as dezembranças a quebra de rítmo para esfriar o jogo e provocar um hiato na realidade.  
         É quando, de uma hora pra outra, toda a cena se enfeita, cores e luzes se multiplicam em efeitos mágicos, tão mágicos como a história do menino salvador contada em cenas de presépios estrelados, tão mágicos como os Papais Noeis que sempre retornam, pois que são os guardiões das promessas e das doces memórias de infância.
        Em Natais, tomados de encantamento, somos correntes humanas de esperança e, sentimentos à flor da pele, vestimos pele de gente, deixamos o carinho acontecer.
         E, até que os festejos de Ano Novo nos remetam ao day after, somos mágicos também, tiramos muitas cartas da manga, iludimos a realidade para não morrer de concretude... 

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domingo, 29 de novembro de 2009

Fluxo Constante

 
"Fluxo constante, 
pensamentos chegam como borboletas..." 
"Even Flow" - Pearl Jam 

A questão é: Decifra-os, ou eles te devoram!

domingo, 15 de novembro de 2009

Fênix


Busco a abertura das esferas,

- quero-as largas ao nascimento -

num constante despir-se de útero

para renascer em novas peles

- tantas quantas puder incorporar-

e desfrutar das infinitas possibilidades

que o universo oferece.


Busco o privilégio do silêncio,

- a quietude -

- a paz -

para fertilizar o espírito,

parir inspirações

- que me vestem asas

e me permitem transitar em dimensões outras -

sem as quais a vida se esvazia,

não se explica...



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domingo, 8 de novembro de 2009

Em Terras Lusitanas

E lá se foi, além-mar, Lily, cheia de sonhos típicos de quem vai reinventar a vida.
Arte na bagagem, muita idéia na cabeça e histórias, memórias de passados, algumas boas, outras nem tanto, mas todas as que precisou viver para ser quem é, aguerrida e assustadoramente obstinada, como só o são os vencedores.
Por aqui, deixou objetos-afetos do seu cotidiano, ora incorporados ao meu, além de chás, sementes e rituais  - carinhos -  um jeito de não se ausentar totalmente.
Deixa também objetos-pretextos, buscá-los depois é garantir o retorno, afinal não dá para despir a carioquice -há tanto tempo incorporada- assim de repente.
Aqui, o que compensa a ausência da amiga é a certeza de que  será feliz para sempre, porque, doravante, o seu maior bem estará sempre ali, pertinho, a poucos andares de distância do seu lar lusitano.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio de Janeiro, Cidade Sitiada



Dois jovens assaltantaram e mataram um cidadão no último domingo, no Centro do Rio, para roubar-lhe a jaqueta e o tênis. 

Paradoxalmente, a vítima era um educador social que trabalhava em favor da cidadania para as populações marginalizadas.



Quantos mais inocentes precisarão morrer para que, ao invés dos factóides, tipo Choques de Ordem midiáticos, tenhamos ações sistemáticas de combate ao tráfico, conscientemente planejadas, de forma a minimizar efeitos perversos, como os jovens desempregados do tráfico, que hoje espalham terror nesta cidade?
Como não prever que essas pessoas de sonhos natimortos, com visão tão estreita de oportunidades, viriam para o asfalto recuperar o prejuízo e matar por um tênis ou quaisquer outros acessórios que os redesenhem à imagem e semelhança dos cidadãos "de respeito".
Sua auto-estima, esvaziada pela ausência absoluta de políticas públicas que lhes garantam educação, moradia, trabalho, dignidade, precisa das grifes para existir minimamente. Afinal, estão plugados na cyber rede, têm "netcats" explorados pelas milícias nas suas comunidades, portanto sabem o que é "in" e o que é "out" entre os bacanas.
Quem nada tem, não tem nada a perder, matar ou morrer, tanto faz...

Hoje não dá para "blogar" com poesia, a realidade me roubou o espaço das amenidades.


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domingo, 18 de outubro de 2009

Tempo, tempo tempo...

Eu queria todo o tempo desta vida
para semear campos
gerar frutos,
transformar espaços,
através dos traços,

dos abraços
e dos afagos no papel


Eu queria todo o tempo desta vida
para colher cores,
reinventar tons,
perseguir contornos,
penetrar minhas raízes

e me descobrir

Eu queria todo o tempo desta vida
para encontrar todas as palavras,
dominar todas as formas
e conquistar infinitas possibilidades

Eu queria todo o tempo desta vida
para expressar o meu amor e desamor
minha esperança e deseperança,
minha paixão e compaixão,
meu desassossego
e até o meu sossego...

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